portas, janelas, gretas

Peço-te desculpas. Desculpa pelo caminho já traçado diferente do seu que não conseguiu traçar como queria, pela falta de tudo e todos de sua época, então, obrigada também. Desculpa pela covardia, pela falta de chegar junto, não saber, não questionar, não alimentar o bem. Desculpa mesmo por eu não sentir a mesma dor que sentes na sua caminhada, dura, congelada, retardada. Sem direito ao desejo que vem de dentro, sem direito a se permitir, sem direito a caminhar mais pela estrada de seus sonhos do que por essa estrada dolorida. Eu sei que às vezes pareço sumir, esquecer, arquivar sua luta, sua presença, sua história, seu cotidiano, sua visita. Mas saiba, que em algum momento eu começo a vomitar tudo, às desculpas, os agradecimentos, os lamentos… Definitivamente, saiba, os desejos que me fazem caminhar para além do que você foi ou vai, para além até de onde desejo ir, sem limites, continuam, pois ainda não tive a capacidade de vomitá-los. Por isso, mais uma vez, obrigada.

Mesmo que suas pernas inchadas ainda tenham que caminhar muito, mesmo que ainda tenhas que fechar as portas do seu coração pra qualquer coisa que te instigue a confiar, amar e se apaixonar, mesmo que suas estradas fechem todas às janelas, as portas, as gretas… Mesmo que tudo pare. Lembre que ainda não vomitei o desejo de ir longe. E quando eu empurrar às portas, abrir às janelas e forçar às gretas, saia, caminhe para bem mais longe do que eu, que, talvez, tenha perdido menos tempo favorecendo às revoluções que movimentam o meu corpo, nas paixões.

De longe. “Em nome de todas nós”. Pegue qualquer fresta de conhecimento e defina como parte obrigatória de sua história, sem nunca esquecer das dores de sua caminhada.

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